As mudanças climáticas são uma realidade que cada vez mais atrapalha o produtor rural na sua produção. Muitos estudiosos vêm alertando sobre a migração de pragas para diferentes regiões do Brasil e a necessidade de compartilhar informações. Um desses casos é o do mofo branco, uma doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, que chega a se hospedar em mais de 400 espécies de plantas, entre elas o feijão, tomate e a soja. Porém, na ausência de plantas hospedeiras, o fungo, através de estruturas denominadas escleródios, consegue se alojar no solo (imagem 1) por um período de 5 até 10 anos.
Condições favoráveis ao mofo branco
No caso da soja, especialistas, entre eles a Embrapa, vêm alertando sobre a vinda do La Niña, um evento que traz mudanças na temperatura e o aumento da umidade. Isso cria um ambiente favorável para o mofo branco, já que a doença manifesta-se sob condições de alta umidade e temperaturas variando entre 10 °C e 21°C, com maior severidade em áreas acima de 600 metros de altitude. Desta forma, a doença encontra ambientes favoráveis em quase todos os estados do Sul e do Centro-Oeste do Brasil (CAMPOS, 2010). No caso da soja, a fase mais vulnerável são os estádios de floração plena, podendo ocasionar prejuízo a esta cultura com perdas de produtividade de 30% até 100%.
Fique atento aos Escleródios, eles possuem coloração escura, formados pelo próprio micélio do fungo. Estas estruturas contêm substâncias de reserva que permitem ao fungo sobreviver por muito tempo, até que as condições ambientais sejam favoráveis à sua germinação.
Mofo branco, uma doença agressiva
A doença é agressiva e, se não for controlada, pode comprometer seriamente a produtividade. Os primeiros sintomas são lesões encharcadas que evoluem para coloração castanho-clara, espalhando-se depois em um lençol de micélios brancos em toda a parte aérea de contato. Caules com partes podres, galhos atrofiados, folhas amarelas e secas e comprometimento dos grãos são os sintomas.
Medidas de controle
Para prevenir o mofo branco, o manejo deve ser realizado através da adoção de várias medidas de controle que visam reduzir a taxa de progresso do inóculo (escleródios no solo), minimizando os riscos de uma epidemia, mantendo, assim, um nível abaixo do dano econômico (Görgen, et al., 2011), (EMBRAPA, 2009).
Como parte do manejo integrado da doença, podemos destacar as seguintes medidas de controle:
- revolvimento do solo
- a prática de revolvimento do solo leva os escleródios, estrutura de resistência, para camadas mais profundas;
- limpeza de implementos e colheitadeiras
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- prática que evita a disseminação por áreas não infestadas.
- cobertura do solo com palhada
- a palhada consiste em uma barreira física proveniente de gramíneas como Brachiarias e cereais de inverno, impedindo a luz direta sobre os apotécios e dificultando a sua formação e a liberação dos esporos do fungo no ar. Esta prática pode inibir a formação de apotécios no solo em até 90%;
- rotação e/ou sucessão
- é importante efetuar a rotação e/ou sucessão de culturas não hospedeiras do mofo branco, utilizando principalmente gramíneas e/ou plantas mais eretas que permitem maior aeração entre as plantas;
- utilização de biológicos;
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- já existem mais de 450 produtos de baixo impacto para sua produção registrados nos Brasil. O sojicultor pode fazer o uso de biológicos durante todo o ciclo da cultura com intuito de atingir caule e solo, complementar ao momento da primeira aplicação do fungicida, visando o controle preventivo de doenças. (Consulte seu agrônomo antes de aplicação).
Alguns desses produtos Biológicos utilizam microrganismos como o Bacillus thuringiensis, Trichoderma asperellum, Trichoderma harzianum e Bacillus subtilis.
Algumas soluções biológicas possuem múltiplos modos de ação. Os lipopeptídeos produzidos por Bacillus subtilis QST713 passam a atuar na membrana celular das estruturas reprodutivas do fungo, provocando sua deformação e produzindo rupturas. O Bacillus subtilis também age por competição de espaço e nutrientes na superfície vegetal da planta e no solo, junto ao sistema radicular. Um dos diferenciais desse fungicida é a formulação inovadora com tecnologia Leafshield, que distribui o produto de forma mais rápida nas folhas, oferecendo maior eficiência e facilidade na pulverização.
Se considerarmos o controle através do manejo integrado, percebemos que múltiplas técnicas são necessárias para atingirmos um manejo de controle adequado e eficaz, garantindo maior qualidade e rentabilidade da lavoura.