Quando o assunto é cotonicultura, o Brasil se destaca, inclusive, no mercado internacional. Para continuar assim, cada vez mais produtores reconhecem a importância de investir no cultivo de algodão sustentável .
O cuidado com o meio ambiente se tornou um critério importante na avaliação de fornecedores. Nas mais variadas cadeias de suprimentos, as práticas ESG se impõem de ponta a ponta. Na indústria têxtil, especialmente na moda, a pressão dos consumidores transformou sustentabilidade em regra, repercutindo na origem da matéria prima.
O Brasil está entre os protagonistas da cotonicultura mundial, e nossa capacidade de produção tem se mostrado promissora. A safra de 2021/2022 ainda não está fechada, mas registrou 2,6 milhões de t em setembro, sendo que o total do último ciclo foi de 2,36 milhões de t. Sem dúvida, o mercado tem capacidade para absorver o excedente, mas, para tanto, o cultivo de algodão sustentável deve ser uma condição.
Rede de apoio ao cultivo de algodão sustentável
Antenados com as demandas do mercado, os cotonicultores brasileiros contam com iniciativas que apoiam e orientam a respeito da importância de produzir uma pluma ecologicamente amigável.
A ABRAPA (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) assina o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que, em 2005, deu o primeiro passo formal para a organização e fortalecimento de ações socioambientais entre os cotonicultores com a criação do Instituto Algodão Social (IAS), no Mato Grosso.
Os reflexos do ABR vieram no desenvolvimento de inovações fundamentais para o cultivo de algodão sustentável no campo e para a disseminação de consciência ecológica. Parte disso é o Coton Brazil, uma iniciativa que “projeta o algodão brasileiro que ampara o meio ambiente e promove o desenvolvimento social e econômico”. É daí que vem o movimento Sou de Algodão, que, desde 2016, estimula a produção de moda sustentável.
Estas três iniciativas cercam a cadeia que se inicia nas lavouras algodoeiras e se encerra no guarda-roupas do consumidor final. Ou seja, tudo começa com produtores conscientes das vantagens de uma agricultura que atua em harmonia com o meio ambiente.
No cultivo de algodão sustentável, o que decide o jogo é a capacidade de orquestrar as relações entre os elementos que compõem o cenário, tanto que, sustentando esse movimento, o ABR e o Coton Brazil promovem três pilares de sustentabilidade – ambiental, social e econômico – que primam pelo equilíbrio nas interações.
Cultivo sustentável por um produto sustentável
Quando se trata das interações que ocorrem no solo, a Agrivalle investe em pesquisas que visam otimizar a ação de microrganismos no combate a pragas e doenças, inclusive no cultivo de algodão sustentável.
É assim que os bioinsumos operam. Eles são criados a partir do estudo da cultura em questão e da biota do solo onde ela é cultivada. Dessa forma, otimizam recursos e promovem um tipo de interferência menos invasiva, já que ela se dá mais na promoção de ações entre os elementos que compõem o solo que na introdução de substâncias estranhas àquela biota.
Assim, nossos insumos biológicos já estão contribuindo com os avanços da cotonicultura brasileira no cultivo de algodão sustentável com bioestimulantes – Algon e do Raizer –, biofungicidas – Shocker e Twixx-A – e bionematicida – Profix.
O valor da sustentabilidade
O controle biológico é apenas uma ação num conjunto de práticas que resulta no cultivo de algodão sustentável. Mesmo assim, sua contribuição é inquestionável. Além de contribuir com a produtividade e com a saúde do solo, a prática ajuda a equilibrar o ecossistema na região da lavoura. Diversos agricultores observaram o aumento de polinizadores depois que começaram a utilizar bioinsumos. Também há registros de aumento na população de inimigos naturais das pragas que costumam ameaçar algodoeiros.
Esse tipo de mudança, muitas vezes sutil, é característico quando práticas sustentáveis são adotadas. Pequenos benefícios se unem, transformando o cenário da área de cultivo e do negócio.
Segundo Marcelo Duarte, Diretor de Relações Internacionais da Abrapa, “Na safra 2019/20, o Brasil foi responsável por apenas 11% da produção mundial, mas respondeu por 37% da oferta mundial de algodão sustentável”. Já na safra 2020/21, 84% da produção nacional foi certificada pelo programa ABR. Tudo isso se reflete no crescimento da demanda para os cotonicultores brasileiros.
O cultivo de algodão sustentável é um exemplo de como a questão ambiental é capaz de gerar valor financeiro para o agronegócio. Figuramos entre os exportadores de commodities, e o carimbo da sustentabilidade pode ser o diferencial de que precisamos para ganhar a preferência no mercado internacional.