As transformações do macroambiente, seja por questões sanitárias, fatores geopolíticos ou a evolução constante do pensamento sustentável e consumo consciente, impactam diretamente na produção e condução das atividades agrícolas.
Quando falamos em sustentabilidade, podemos pensar em um longo processo histórico que demandou e vem exigindo cada vez mais um amadurecimento da consciência humana para lidar com a grande velocidade do desenvolvimento econômico e tecnológico, que se não for bem gerido e utilizado de maneira consciente, pode tornar os desastres ambientais cada vez mais frequentes.
De uma maneira geral, um dos principais paradigmas do agronegócio está na utilização de recursos naturais e a relação que este uso tem com a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas. Nesse sentido, esse novo olhar para a forma de produzir consolida novos modelos de negócios por meio de oportunidades com inovações disruptivas para a agricultura mundial, onde o manejo sustentável se alia à capacidade produtiva. Assim, é pautado em uma visão integrada do meio ambiente e da produção, impactando diretamente na competitividade do agro brasileiro de modo que se torna estratégico para agricultores interessados em manter ou melhorar sua rentabilidade.
Rumo a uma agricultura cada vez mais sustentável
Novos modelos de produção baseados em ações que protejam a natureza e a saúde animal e humana estão se tornando cada vez mais relevantes. Dessa forma, a implementação de sistemas regenerativos tem potencial para liderar a transformação produtiva para além de uma atitude sustentável. Baseados na restauração da natureza, podem tornar a agricultura uma solução para os problemas ambientais, agregando vida ao ecossistema para que o ambiente possa expressar sua capacidade de regeneração e estruturação, impulsionando a construção de uma melhor qualidade de vida no planeta.
O uso racional dos recursos da natureza, a redução de agroquímicos e a incorporação de produtos biológicos que realizam a manutenção de microrganismos benéficos ao desenvolvimento e proteção das culturas são alguns dos pilares da regeneração, o que aumenta a biodiversidade do sistema produtivo como um todo, por meio da vida como fonte geradora de vida. Como consequência, ultrapassa o manejo sustentável, trazendo não só resiliência ambiental como, também econômica.
O amplo alcance dos sistemas regenerativos
Incorporar uma consciência sustentável ao manejo das lavouras é estratégico para o agronegócio brasileiro.
A partir de uma visão ampla sobre como os sistemas regenerativos podem gerar impactos positivos para as mais diversas esferas da sociedade e do planeta, entendemos que esse novo modelo de produzir possibilita uma relação mais harmônica entre os indivíduos, a natureza e as diferentes áreas da atuação humana, uma vez que enxerga o ecossistema com uma conexão mais profunda entre as diferentes formas de vida e o patrimônio natural que será deixado para as gerações futuras.
Além disso, é preciso ter em mente que parte fundamental da regeneração dos modelos de produção é o solo, responsável pelos serviços ecossistêmicos imprescindíveis para a continuidade da vida. Manter a fertilidade e a saúde do solo requer um esforço de gestão consciente que traz ganhos desde o produtor até o consumidor final. Chegou a hora e a vez de uma nova visão produtiva sustentável e você não deveria ficar de fora!
O texto Você já imaginou o que vem além do sustentável? Conheça os Sistemas Regenerativos foi escrito por:
Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.
Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.