A conjuntura dos últimos anos somada à mudança de comportamento da sociedade, frente a um consumo mais consciente, gerou a demanda para práticas cada vez mais sustentáveis. Tal combinação configurou um grande crescimento na adoção dos bioinsumos, devido a esses produtos atenderem uma série de requisitos ecológicos aliados a aspectos como qualidade, segurança e viabilidade econômica.
Suas utilidades na agricultura variam desde o controle de pragas e doenças no campo, ampliação da absorção de água pelas plantas, otimização do desempenho de outros insumos, melhoria das necessidades nutricionais do solo, promoção do crescimento e desenvolvimento das culturas e, consequentemente, no aumento da rentabilidade da lavoura.
Desafios para a adoção dos bioinsumos
Mas nem tudo são flores... Para um avanço ainda mais significativo na adoção dos bioinsumos, o setor tem muitos desafios a serem enfrentados para o seu pleno desenvolvimento.
A começar pelo baixo nível de conhecimento dos produtores a respeito das propriedades físicas, químicas e biológicas que levam às suas funcionalidades positivas e, ainda, pouco acesso à assistência técnica especializada para a orientação do uso desses produtos. Ou seja, ainda são necessários esforços para que o mercado dos bioinsumos se posicione com a devida comunicação baseada em informações que auxiliem esse nicho a se consolidar como uma alternativa efetiva e sustentável a ser incorporada nas práticas agrícolas.
Outro entrave a ser superado está na questão regulatória, uma vez que os insumos biológicos ainda são regulamentados por leis generalistas de produtos como: fertilizantes e defensivos químicos, sementes, produtos de uso veterinário, entre outros. Porém, com a criação do Programa Nacional de Bioinsumos, já estão sendo elaboradas propostas de legislações voltadas exclusivamente aos biológicos, para que o setor ganhe ainda mais confiança no mercado nacional e internacional.
Mais uma problemática que existe pela frente, se dá pela falta de integração entre pesquisadores, indústria e produtores, para que o desenvolvimento de novos produtos comerciais seja contínuo. Existe uma grande complexidade na prospecção de novas moléculas que resolvam os problemas existentes no campo, portanto, há necessidade de muitos esforços de pesquisa e recursos financeiros para que análises cada vez mais especializadas permitam o entendimento dos impactos desses produtos nos processos moleculares, bioquímicos e fisiológicos do meio-ambiente e das plantas. Nosso país é dotado da maior biodiversidade do mundo, e esse ativo infelizmente ainda é pouco explorado nos dias de hoje.
Perspectivas positivas
Apesar das grandes perspectivas de crescimento para o mercado dos bioinsumos nos próximos anos, ainda existem importantes desafios pela frente. Contudo, é nítida a organização do setor para consolidar novos modelos de produção baseados em ações que protejam a natureza e a saúde animal e humana.
O uso racional dos recursos naturais, a redução de agroquímicos e a incorporação de produtos biológicos que realizam a manutenção de microrganismos benéficos ao desenvolvimento e proteção das culturas são os pilares que irão aumentar a biodiversidade do sistema produtivo, trazendo resiliência ambiental e econômica ao ecossistema – aí está, afinal, o grande valor da adoção dos bioinsumos. Se eu fosse você, não deixaria de conhecer mais sobre esses produtos que prometem revolucionar a agricultura do futuro, vamos em frente!
O texto Os desafios da adoção dos bioinsumos foi escrito por:
Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.
Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.