No raio de visão de um produtor agrícola, há um tópico que não pode entrar num ponto cego: o risco da podridão radicular. Ao atacar a raiz, esta doença é uma ameaça séria a qualquer planta, podendo ser devastadora para toda uma área de plantio. Os principais detonadores para sua ocorrência são a umidade excessiva e a falta de ventilação no solo, mas ela pode ser causada por diversos agentes patogênicos, como fungos e bactérias, que são favorecidos por tais condições.
Os indícios da podridão radicular podem ser bem visíveis, só que apenas quando a doença já está avançada – o monitoramento, portanto, precisa ser contínuo. Considerando o papel das raízes na vida de uma planta, é importante sempre ter essa patologia em mente ao notar eventos fora do padrão – do ritmo de crescimento à formação de fungos.
Ameaça comum
Por mais que a podridão radicular seja uma ameaça comum a qualquer lavoura, podemos identificar algumas espécies em que sua ocorrência tem maior registro:
- plantas da família Brassicaceae, como couve, repolho e mostarda;
- plantas da família Solanaceae, como tomate, pimentão e berinjela;
- plantas da família Cucurbitaceae, como abóbora, melão e pepino;
- plantas da família Leguminosae, como feijão, ervilha e soja.
Em contrapartida, as espécies mais resistentes são:
- plantas da família Alliaceae, como cebola, alho e chalota;
- plantas da família Liliaceae, como alho-poró e cebolinha;
- plantas da família Apiaceae, como salsinha, cebolinha e endro;
- plantas da família Convolvulaceae, como batata-doce e abóbora-menina.
Mas, aqui, vale uma ressalva: essas são apenas tendências gerais; a resistência a doenças pode variar entre espécies diversas. Além disso, é preciso considerar as condições climáticas e o nível de cuidado com a área de plantio. Em outras palavras, você pode até se guiar por essas tendências na hora de escolher o que plantar, embora nem por isso deva baixar a guarda.
Sintomas da podridão radicular
Um dos grandes problemas da podridão radicular é o fato de ser uma ameaça invisível nos estágios iniciais. Além disso, se sua ocorrência não estiver no check list do agricultor, ele corre o risco de confundir os sintomas com os de outras patologias ou tratar problemas secundários.
Como estamos falando de uma doença que ataca a raiz das plantas, um de seus primeiros sintomas – a mudança de coloração nas raízes – fica incógnito, escondido por camadas de terra. Quando indícios um pouco mais evidentes aparecem, o estrago pode ser irreversível ou (pior) pode ter se espalhado para outras plantas da lavoura.
Uma das primeiras consequências da podridão radicular é a redução na absorção de água e de nutrientes, o que, por sua vez, afeta o ritmo de crescimento das plantas por privá-las dos recursos necessários para o desenvolvimento. Mais fracas, elas passam a ter dificuldade na produção de folhas, que podem surgir menores ou amareladas. À medida que a doença avança, temos a murcha e queda das folhas. Em alguns casos, pode-se observar a formação de fungos brancos no solo e na base da planta.
Causas da podridão radicular
Uma série de condições pode criar um ambiente favorável para o desenvolvimento de agentes – entre eles, fungos, bactérias e vírus – que infectam as raízes das plantas, causando a podridão radicular. O ponto positivo é que, apesar da inegável influência de aspectos climáticos, boa parte do controle da situação está no manejo do solo, ou seja, nas mãos do produtor.
Num solo muito compactado, por exemplo, tanto o ar como a água encontram dificuldade para circular, o que favorece o crescimento de patógenos e, consequentemente, o aumento da vulnerabilidade das plantas. Da mesma forma, os agentes causadores da podridão radicular encontram excelentes condições de sobrevivência em solos onde a umidade é excessiva. Já quando a temperatura do solo entra em pauta, é com os extremos que devemos nos preocupar. Tanto o solo muito frio como o muito quente podem favorecer os patógenos em detrimento das plantas.
Paralelamente, assim como as pragas e doenças já instaladas na lavoura, a falta de nutrientes colabora com a instalação da doença. Mas é preciso cuidado com os fertilizantes, pois, quando usados em excesso, os nitrogenados representam mais uma condição favorável à podridão radicular.
Em síntese, para prevenir o problema, o produtor precisa se manter vigilante quanto à umidade do solo, garantir uma boa drenagem e ventilação, além de, naturalmente, evitar o excesso de adubação nitrogenada. Práticas agrícolas sustentáveis também podem ser de grande ajuda, como adubação orgânica e controle biológico. Um bom exemplo é o Shocker, bioinsumo desenvolvido pela Agrivalle que vem alcançando excelentes resultados no combate à podridão radicular.
Mesmo no manejo diário, o uso de insumos biológicos em geral podem ser aliados na prevenção pela dinâmica que eles criam na biota. Desenvolvidos a partir de microrganismos e conhecidos pela multifuncionalidade, quando somados à composição de um solo, eles tendem a harmonizar as relações de diversas formas de vida ali presentes. Tendo em mente que os sinais da podridão radicular demoram a ser visíveis, tratar a lavoura com bioinsumos é uma escolha coringa.